Mais uma vez, infelizmente, tenho de escrever um post sobre a partida de um dos nossos meninos. O
Pangaluna partiu hoje.
Este nosso menino entrou no Abrigo no dia 1 de novembro, parece que o estou a ver, no carro da Xana, a voluntária que nunca desistiu de o resgatar, vinha com aqueles belos olhos que tinha e uma ferida em cada lado da cara, foi tratado, melhorou um pouco, foi tratado de novo e submetido a uma pequena cirurgia, melhorou bastante e até lhe foi dada alta definitiva, mas a infecção profunda num dos lados da cara teimava em não o largar, voltou a aparecer, não era nada que lhe pusesse a vida em risco, era algo que apenas o tornava diferente.
No domingo estive com ele, não pediu como sempre para vir à rua, é que este menino além de ir ao recreio todos os dias, ainda ia à rua, dar a sua voltinha, sempre que nos pedia, tinha tanta graça, pedia para sair, ia ao seu passeio, sózinho, e depois aparecia ao portão do Abrigo, punha a patinha como a abrir a porta ou a dizer "já cheguei, quero entrar", entrava, lanchava e ia para a sua boxe.
Na 2ª feira, não mostrou vontade de sair nem para ir ao recreio, mas como o tempo tem estado mau e a chover muito, muitos outros patudos também não mostravam muito interesse em sair, deixou de comer ração na 3ª feira, demos-lhe patés e nada, ontem os patés estavam no mesmo sítio e o Pangaluna não queria sequer sair da boxe, hoje estava marcada uma ecografia para se perceber o que se passava, pois até domingo andava bem disposto, comia e passeava.
Hoje foi feita a ecografia, infelizmente uma massa grande na garganta e não operável foi descoberta, ficámos devastados, o Pangaluna já não acordou da anestesia.
Nunca nos vamos esquecer dele, nunca, na memória ficará os 5 meses que passou conosco, na memória ficará a acção de hoje de um dos nossos voluntários, o João, estava a escová-lo e disse-nos que se ele tivesse de partir hoje, pelo menos ia bonito.
Querido Pangaluna, conquistaste-nos a todos, ficaremos com as memórias de passeios e de bons momentos contigo e com a esperança de um dia, no céu, te encontrarmos.
