Esta menina teve uma triste vida, mas a sua sorte mudou, foi resgatada do sítio onde sobrevivia, acorrentada no meio de nada a parir sem parar. A Ana soube da sua existência e mudou-lhe o destino, resgatou-a, tornou-se sua madrinha, baptizou-a com um nome tão doce quanto o é esta patuda: Brownie.
A Brownie entrou no Abrigo apática, mais do que receio de cães e de pessoas, ela não queria saber, a vida tinha-se esquecido dela.
Esta menina entrou no meu coração, é impossível não nos apaixonarmos por ela, é doce, muito doce, talvez porque a recebi naquele fim de tarde/noite com a Ana, quando tentámos que ela se habituasse à boxe onde ia ficar, talvez porque viu que estava num lugar seguro a Brownie deu-me a coisa mais preciosa que se pode dar a alguém: confiança.
A Brownie tem passado horas e horas no recreio, não incomoda nenhum patudo e nenhum patudo a incomoda, por isso passam as rondas e ela fica, quando não anda atrás de mim, como uma sombra, fica sentada, isolada, ao sol, hoje, foi com uma alegria imensa que a vi correr pela primeira vez, na minha direcção, foi também com alegria que a vi a tentar roubar os biscoitos que levava para dar aos patudos, é sinal de vida, de uma pequena ousadia saudável.
Querida Brownie, querida e serena, ainda vais ser muito feliz, a Ana fará de tudo para que encontres uma boa casa e eu olharei por ti enquanto estiveres no Abrigo.
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